Au pair en France

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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Cortaram-a pela raiz

Ha poucos dias a TV francesa mostrou um documentario sobre a vida de Brigitte Bardot para homenagea-la pelos seus 80 anos de vida. Nunca tinha me interessado por ela, mal, mal conhecia realmente a intimidade dela. O que sabia por alto é que ela apareceu nua diversas vezes nos filmes, o que a tornou A famosinha em Saint Tropez e no mundo todo. Confesso que fiquei bem chocada. Uma historia de vida nada admiravel.... 

Bardot abusou da vida, fez coisas absurdas e hoje deseja ser respeitada pelos franceses, o que é longe de ser a realidade. Atualmente - por conta da idade - usufrui do pouco que resta. Ela conseguiu acabar com a carreira dela e terminou de bagunçar tudo quando tentou salvar sua imagem se dizendo protetora dos animais numa viagem à Antartida (foto abaixo). Conversa pra boi dormir purinha. Jogada de marketing das feias, o que piorou ainda mais a situaçao. Foi vaiada e o escambal a quatro. Na época disse: Eu dei minha beleza e juventude aos homens. Agora dou a minha sabedoria e experiência aos animais". Aham, sei... Sem nenhuma credibilidade, foi obrigada a largar as cagadas que fez durante a carreira para mudar de assunto. E deu errado.

A famosa foto "Bardot e a foca"

No fim do documentario, foi entrevistada e disse que a França de hoje nao é a mesma, que ela perdeu a sua identidade. Essa é a unica coisa que ela disse que me faz concordar com ela. E perdeu, sim.

Perdemos a França da Belle Epoque; perdemos as Piafs e demais cantores exemplares que falavam de amor; perdemos a pureza do sangue francês; perdemos a educaçao e o respeito; perdemos a tranquilidade; perdemos a gastronomia, que hoje foi substituida por congelados e industrializados; perdemos a lingua francesa, que se transformou em um poço de girias e de erros de ortografia; perdemos as tristes historias de guerras tragicas; perdemos profissionais de qualidade; perdemos a essência...

Pobre França, que hoje é obrigada a se misturar e a obedecer piamente regras e exigências de religioes e costumes vindos dos paises de lingua arabe. Pobre França, que nao sabe mais educar suas crianças... elas ja nao dizem mais Bom Dia, nem Obrigada, a nao ser quando estao na escola e sao obrigadas pelos professores. Pobre França, que hoje tem raras cançoes admiraveis. Pobre França, que coloca qualquer um e qualquer coisa nas suas cozinhas, alegando ser "Comida Caseira". Esta França engana a si mesma. Se estivesse viva, Piaf choraria.... a França virou um mundo tudo-junto-e-misturado. Perdeu suas raizes e jogou fora sua identidade. Agora é tarde demais.

Pra finalizar, Brigitte Bardot, hoje, com 80 anos.... sem mais....

Quase ela!

Ha uma semana meu professor de piano me informou do show que ele faria com uma cantora num Tributo à Edith Piaf. Fiquei logo empolgada porque esse tipo de coisa ja começa a se tornar rara. Fomos entao participar dessa experiência e babar. Ele dando um show no piano e ela na voz e na interpretaçao, tudo isso num ambiente meia-luz... francês purinho. A cada nota, a cada RRRR daqueles que so Edith Piaf sabia fazer, nos arrepiavamos. A cantora soube interpretar quase perfeitamente e isso nos deixou a impressao de que era ela mesma quem estava no placo. Algo impressionante, maravilhoso.

O repertorio foi bem variado, sobretudo com musicas esquecidas, além dos classicos como "La vie en Rose", "Non, je ne regrette rien", "Hymne à l'amour" e "Ne me quitte pas". Esta ultima musica so encontrei na voz de Jacques Brel, infelizmente. 

Nao sou nada fa da musica francesa, acho que o idioma (o R) freia o balanço das musicas e isso acaba deixando as interpretaçoes extremamente quadradas. Raras cantoras conseguiram e conseguem esticar o fim das ultimas palavras para arredondar o negocio. Edith Piaf sabia fazer isso como ninguém, evitando que a gente enjoe de tanto R e de tanta pausa. Nao que eles nao sejam talentosos, longe disso, mas nao ha swing, nao ha ondinhas, como podemos perceber nas musicas em inglês, espanhol e principalmente em português. Ja ouviram musicas em alemao, em russo, em polonês? Da vontade de chorar! Culpa dos idiomas, desculpem, feios. 

Enfim, foi uma beleza voltar ao tempo, lembrar daquela época em que a boa musica reinava. Foi bom experimentar uma boa musica francesa, ver as velhinhas na plateia encantadas, chorando de emoçao, de nostalgia. Lindo! :D