Au pair en France

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sábado, 27 de setembro de 2014

O livro e suas controvérsias

Muitas pessoas me perguntam sobre o livro "Crianças francesas nao fazem manha", de Pamela Druckerman.

 
Confesso que nunca li, mas depois deste texto abaixo fiquei curiosa. Vejam que interessante.
 
"Eu me lembro até hoje quando ouvi falar pela primeira vez do livro “Crianças francesas não fazem manha - os segredos parisienses na arte de criar filhos”, escrita pela jornalista americana Pamela Druckerman. Foi em fevereiro de dois mil e doze, bem antes dele ser publicado no Brasil. O assunto me chamou a atenção pois na época meu filho franco-brasileiro tinha quase cinco meses de idade, eu estava no auge da maternagem e fazia menos de um ano que morava na França. Comprei um exemplar, li e não gostei. O fato é que eu não acho a menor graça desta França que a autora descreve.
 
A fama que tanto o livro quanto autora alcançaram ainda me deixa desconfortável. Cada vez que uma amiga brasileira se aproxima para perguntar se é mesmo verdade que as crianças francesas são anjos na Terra, tenho vontade de chorar. Eu fico embasbacada quando leio artigos enaltecendo o estilo de maternidade proposto pela senhora Druckerman: onde os pais são extremamente egoístas e as crianças têm a obrigação de se contentarem com as sobras.
 
A visão dela como estrangeira, já que nunca teve uma família francesa, é romantizada e por isso mesmo deturpada. Ela repete incansavelmente que as crianças francesas são extremamente comportadas e jamais dão chiliques. Ok, mas a que preço? Ou algum francês vai admitir que fica entupindo o filho de pão na mesa do restaurante para ele se manter quieto e não atrapalhar? Ou que entre quatro paredes, o filho apanha a troco de qualquer motivo desenvolvendo uma relação baseada no medo?
 
Eu fico mais atônita ainda quando vejo o mesmo livro sendo endossado por pediatras e psicoterapeutas brasileiros, como se a autora tivesse descoberto a fórmula do sucesso na criação dos filhos. Ora, se os filhos são uma pedra no sapato, por que tê-los? E quer saber? Meu filho tem quase três anos e é capaz de fazer manha sim, como qualquer criança normal!
 
Toda a noção da “sabedoria francesa” com relação à criação dos filhos entrou (ainda mais) em colapso pra mim quando descobri que a França é o país onde menos se amamenta no mundo ocidental. Um dos motivos é que o marido francês geralmente considera os seios da mulher algo que lhe pertencem e também porque muitas mães francesas se recusam a amamentar, preferindo dormir a noite inteira. Conheci várias assim.
 
Eu amamentei durante treze meses e meio. E meu filho começou a dormir a noite inteira faz menos de um mês. Posso garantir que as críticas que recebi até hoje não foram poucas e olha que eu sou até uma mãe meio durona. A família do meu marido ainda tem o hábito de revirar os olhos quando descobre que escapamos do padrão ao educarmos o nosso filho, mesmo meu marido sendo francês. Eles acham um absurdo: nós perdermos meia hora para colocá-lo na cama; organizarmos nossa agenda em função da soneca da tarde; passarmos um tempo brincando com ele; eu ter deixado a minha profissão quando estava no auge da carreira, mesmo com a intenção de retomá-la assim que ele começar na escola.
 
Os franceses que a autora deste fatídico livro toma como exemplo para o mundo, os quais eu convivo, jamais vão entender por que eu fico por perto para o meu filho dormir e uso uma babá eletrônica no meu quarto para escutá-lo durante a noite. Meu sogro francês quer que eu deixe o meu filho queimar a língua com a comida pelando, ao invés de ensiná-lo a esperar a comida esfriar. E quando meu filho tinha apenas dois meses, minha sogra francesa insistia em querer largá-lo esgoelando no berço, até ele dormir.
 
Infelizmente esta é a França que observo e não admiro. Onde os pais vivem sua vida independentemente das crianças, que têm que se adaptar à rotina deles, não importa qual seja. Onde ninguém consegue a aprovação de um projeto de lei proibindo que os pais batam nos seus filhos porque a população, tão acostumada a apanhar de seus pais, acha que palmada é o único jeito de educar. Onde os adultos gritam, envergonham e menosprezam as crianças na frente dos outros para que se comportem. Infelizmente não é um país onde os pais ensinam aos filhos a “terem consciência das pessoas que os rodeiam”, como a autora do livro diz. Aqui, as crianças aprendem a se preocupar apenas consigo mesmas e, no máximo, com as pessoas bem próximas a elas.
 
Surpreendentemente, ninguém questiona o resultado da educação à francesa. A própria autora admite que os franceses são, em sua maioria, rudes e indelicados. Para quem não sabe, eles são, também, um dos maiores consumidores de anti-depressivos da Europa e possuem uma das maiores taxas de suicídio do continente. Os jovens franceses também figuram entre os que têm menos liberdade ou vontade de dialogar com seus pais.
 
É muita insensatez elogiar esse jeito francês de “fabricar” filhos obedientes sem analisar as consequências disso na vida de uma criança. E vou mais além, eu acho que a autora foi oportunista ao se aproveitar da insegurança dos novos pais americanos (e novos pais mundo afora) e contou a história pela metade: francezinhos podem até não fazer manha, mas são carentes de mais afeto.
Por que, então, aprovar e tomar como exemplo o estilo deles quando o assunto é filho? Quem disse que as crianças francesas são mais felizes do que as brasileiras? Para mim, bom senso ainda é a melhor solução para qualquer problema relacionado à educação dos nossos filhos".
 

O Brasil e os orgânicos....

Desde que cheguei aqui na Franca ouço a palavra BIO sem entender muito bem o que isso quer dizer. Na esta no dicionario, mas esta na boca do povo e nas prateleiras dos supermercados. BIO quer dizer orgânico. Frutas, legumes, cosméticos, carne, frango, suco, pao, leite, legumes congelados e por ai vai. Esses produtos fazem parte do dia a dia dos franceses e podemos escolher a dedo onde queremos comprar. No supermercado, no mercadinho especial BIO ou diretamente na fazenda do agricultor da sua cidade, por exemplo.

Os europeus, em geral, se preocupam em comer BIO por conta da saude, claro, e também preocupados em valorizar o produtor local para que ele continue nessa linha. Somente na Alemanha e na França, sao quase 25 mil agricultores que produzem alimentos orgânicos (contra 1% no Brasil).

Para se ter uma ideia do preço, uma penca de banana nao bio custa em média 0,90€, enquanto a banana bio custa 1,90€ ou até menos! Se a diferença de preço é tao pequena, porque comprar um alimento nao bio, se voce ja sabe que ele estara cheio de agrotoxico? O problema dos europeus é que as frutas e légumes nao bio vem diretamente da Espanha, lider em utilizaçao de agrotoxicos na Europa. Fujo de tudo o que vem de la! Inclusive, ja ha falta de agua por conta da necessidade abusiva da mesma para certas produçoes, como a do morango, e muitas terras ja estao inferteis. A soluçao encontrada pelos latinos, que sao malandros como os brasileiros, foi a de enviar espanhois ao Marrocos para explorar a terra deles. Daqui a pouco tempo os marroquinhos vao passar pelo mesmo problema. Ou seja, trocaram seis por meia duzia e o festival de agrotoxicos continua a todo vapor.

Aqui em casa encomendamos de produtores locais BIO. Toda segunda feira vou no site deles, seleciono o que eu quero e eles me entregam em domicilio. Pago, no maximo, 15€ por encomenda, com frete incluso. Cebola, alho, batata, cenoura, alface, repolho ralado, beterraba, geleia, torta, etc. Além de saber que tudo é fresquinho e bio, tenho o conforto de receber tudo em casa e ajuda-los a manter a produçao. Grande parte dos funcionarios dessa fazenda sao doentes mentais, que foram inclusos no mercado de trabalho. Outra realidade....

Vocês devem estar se perguntando porque estou escrevendo sobre isso. Explico: acabei de ver o jornal francês detonando o Brasil no quesito orgânico. Eles alegaram que os brasileiros nao estao nem um pouco preocupados com o consumo dos alimentos orgânicos. O que eles esqueceram de falar é que ninguém pode comprar por conta do preço absurdo. Além do mais, os agricultores brasileiros estao unicamente preocupados em inundar as produçoes de agrotoxicos e em lucrar, lucrar e lucrar.

Por ano, cada brasileiro consome 5 LITROS DE AGROTOXICOS, presentes principalmente no tomate, morango e pimentao. Eh facil criticar a populaçao quando ela nao pode fazer nada para mudar este cenario. O Brasil é O pioneiro MUNDIAL em utilizaçao de agrotoxicos. Muitos deles sao proibidos ha anos em varios paises europeus e no resto do mundo, mas no Brasil pode. Triste realidade. E o câncer esta fazendo a festa. Viva a ignorância...

Para quem interessar possa: http://namu.com.br/materias/brasil-lideranca-no-uso-de-agrotoxicos