Nesse nosso vai e vem à Paris, aproveitamos um dia feinho para visitar a exposiçao "O crepúsculo dos faraós: obra-prima das das últimas dinastias egípcias", no Museu Jacquemart-André, situado num fabuloso hotel do século de XIX. O museu em si possui também uma coleção permanente impressionante.
A exposiçao gira em torno de 3 pilares: o homem, o faraó e os deuses (e as diversas formas de representá-los). Essa é a primeira vez que uma exposiçao destaca as mais belas realizaçoes deste periodo para mostrar que seria impossivel resumir o crepusculo do Egito Antigo à 10 séculos de declinio, mesmo se o pais foi sucessivamente invadido pelos persas e macedônios.
Estao reunidas mais de 100 peças vindas de templos e tumbas, emprestadas pelos maiores colecionadores de antiguidades egipcias do mundo, e por museus alemaes, americanos e ingleses. As peças datam de 1069-30 antes de Jesus Cristo e contam a riqueza e a diversidade da criaçao artistica egipcia apos Ramses. Elas foram organizadas e apresentadas para respeitar uma lógica cronológica e temática.
O que mais chama a atençao nessas obras é que os artistas davam extrema importância aos detalhes do corpo, sendo a cabeça a parte mais significativa. Podemos ver na exposiçao 'personagens' jovens e também idosos. Nao sei porque razao, mas a maior parte das esculturas esta sem o nariz.
Abaixo, a famosa gata Bastet ("Gayer Anderson Cat"), que pertence ao Museu de Londres, datando provavelmente da 26a Dinastia Nacional (664 - 525 antes de Jesus Cristo):
Aqui, "Cabeça verde de Berlin". Ela data provavelmente do século 1 antes de JC.
Caixao de Ankhemmaat, que data do século 4 antes de JC:
Cabeça de Amasis, da 26a Dinastia Nacional (664 - 525 antes de Jesus Cristo):
Estatua de Amon, de 800 antes de Cristo:
Ser au pair en France é: se aventurar. Descobrir um novo mundo. Ter responsabilidades. Ser organizada. Fazer o papel de mae. Suportar gritos e choros ininterruptos. Aceitar as regras dos pais. Engolir sapo. Ser feliz.
Au pair en France
sexta-feira, 27 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Hollande e Sarko
Continuando a falar sobre eleiçoes, ontem François Hollande e Sarkozy foram pro 2° turno, pra alegria dos franceses. Se vocês quiserem saber detalhes das eleiçoes, deixo pra vocês este link do BBC que explica tim tim por tim tim.
Sinceramente, acredito que François Hollande ganhe essa eleiçao, apesar de que tudo pode acontecer...
Sinceramente, acredito que François Hollande ganhe essa eleiçao, apesar de que tudo pode acontecer...
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Eleiçoes francesas
Em meio a tantas mudanças, esqueci de contar pra vocês que as eleiçoes presidenciais serao realizadas neste domingo, ou seja, daqui a 2 dias! Pra que vocês possam entender um pouco de cada um dos candidatos, deixo aqui um resumo de cada um deles. Mas quem me ajudou nessa historia foi o BBC Brasil, que entende mais de politica do que eu. O crédito vai para Daniela Fernandes.
Figura conhecida de centro na política francesa, François Bayrou chocou o establishment da França em 2007 ao levar quase um quinto dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais. Seus aliados o veem como um defensor dos fazendeiros da França e o candidatos mais pró-Europa do país.
Esta eleiçao deve entrar para a história do país como a mais ferrenha disputa pelo poder em muitas décadas. Sarkozy pode se tornar o primeiro presidente francês a não se reeleger para um 2° mandato desde Valery Giscard d'Estaing, em 1981. Divididas em dois turnos, elas ocorrem nos dias 22 de abril e 6 de maio. Assim como no Brasil, o 2° turno so ocorre se o candidato obtiver menos de 50% dos votos no 1° turno, mas isso nunca ocorreu na chamada 5ª República, que começou com o Charles de Gaulle em 1958.
Nicolas Sarkozy
Nascido em 28/01/55, criado em Paris, casado com a ex-modelo Carla Bruni.
Frase famosa: "Não serei o candidato de uma pequena elite contra o povo".
Eleito presidente em 2007 com 6% a mais de votos do que sua rival, a socialista Ségolène Royal, o líder conservador enfrenta dessa vez um desafio diferente, e na opinião de analistas, mais difícil, na pessoa de François Hollande. Os 5 anos na Presidência não foram fáceis para o sucessor de Jacques Chirac. Sarkozy havia prometido um novo começo para a França com seu partido UMP (Union pour un Mouvement Populaire).
Políticas sociais radicais - como a medida que em 2010 elevou a idade de aposentadoria de 60 para 62 anos - incomodaram a esquerda no país. Ao mesmo tempo, supostos aliados se ressentiram com o estilo do líder. Em suas memórias, o ex-presidente Chirac criticou Sarkozy por ser "irritável, áspero, confiante demais e por nunca permitir qualquer dúvida, especialmente no que se refere a ele próprio".
Porém, o maior obstáculo que Sarkozy pode enfrentar na eleição é o desempenho da economia francesa, que sofreu um abalo em janeiro, quando a agência de classificação de risco Standard & Poor's reduziu a nota de crédito da França de AAA para AA+. Ao pedir o voto dos eleitores, ele argumenta que tem os atributos necessários para lutar contra a crise econômica. Após o rebaixamento da nota de crédito do país, no entanto, esse argumento parece menos convincente.
François Hollande
Nascido em 12/08/54 em Rouen (noroeste da França). Ex-parceiro de Ségolène Royal e pai dos filhos dela.
Frase famosa: "Quero colocar a mágica de volta no sonho francês".
Apesar de sua experiência como articulador no partido Socialista, François Hollande nunca ocupou um cargo político nacional na França. Ele é tido por muitos como um moderado afável, cujo estilo calmo e quieto contrasta com a intensidade e o glamour do presidente atual. Entretanto, por trás da imagem modesta está uma determinação de aço de liderar o país, na opinião de seus aliados.
Para ser escolhido como candidato, Hollande passou por difíceis eleições primárias, que testaram ao limite suas credenciais políticas e pessoais. Jacques Chirac descreveu-o como um "verdadeiro estadista", capaz de cruzar as fronteiras que separam os partidos.
Alguns analistas veem Hollande como um pobre substituto para o carismático ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, excluído da corrida pela Presidência por escândalos sexuais no ano passado.
Um ex-ministro socialista, Claude Allegre, chocou aliados ao apoiar a candidatura de Sarkozy e rejeitar a de Hollande dizendo que ele é indeciso e "não está à altura do posto" de líder nacional. Dúvidas em relação às suas habilidades políticas ressurgiram após ele ter anunciado seu plano de cobrar imposto de 75% sobre a renda dos cidadãos mais ricos da França.
Marine Le Pen
Nascida em 5/08/68 em Neuilly-sur-Seine, onde Nicolas Sarkozy viveu quando criança, é a mais jovem das 3 filhas de Jean-Marie Le Pen.
Frase famosa: "Uma União Soviética Europeia"
Filha de Jean-Marie Le Pen, fundador do principal partido da extrema direita francesa, o FN (Frente Nacional), Marine está levando o partido a novas direções. Ela dividiu a opinião pública com seus ataques à imigração ilegal e à suposta "islamização" da França. A candidata também enfatizou a oposição do FN ao euro e defendeu políticas protecionistas.
Le Pen tem se esforçado para livrar o partido de sua imagem xenófoba e declarou sua objeção ao termo "extrema direita", que, segundo ela, marginaliza um grupo que regularmente atrai 15% dos eleitores em eleições nacionais. Sua dificuldade para angariar o apoio dos parlamentares, exigido por lei, foi alvo de diversas reportagens na mídia francesa.
François Bayrou
Nascido em 25/05/51 perto de Lourdes, católico praticante.
Frase famosa: "Somos a civilização que se recusa a responsabilizar os fracos pelas más escolhas dos fortes"
Figura conhecida de centro na política francesa, François Bayrou chocou o establishment da França em 2007 ao levar quase um quinto dos votos no primeiro turno das eleições presidenciais. Seus aliados o veem como um defensor dos fazendeiros da França e o candidatos mais pró-Europa do país.
Críticos o acusam de arrogância e oportunismo e chamam atenção para sua aparente incapacidade de formar alianças políticas duradouras. Embora não haja expectativa de que Bayrou chegue ao segundo turno, é possível que dessa vez ele desempenhe um papel decisivo sobre o segundo - já que prometeu apoiar um dos candidatos caso não chegue à segunda fase.
Jean-Luc Mélenchon
Nascido no Marrocos em 19/08/51, cresceu na Normandia e em Jura. Ainda adolescente, participou da revolta estudantil de 1968, é membro orgulhoso da maçonaria desde 1983.
Frase famosa: "Que se vão todos", título do seu livro, lançado em 2010.
Militante socialista durante décadas, Jean-Luc Mélenchon está concorrendo em nome da coalizão de esquerda, que tem o apoio do Partido Comunista. Fez carreira no Partido Socialista e foi ministro de Educação Vocacional no governo Lionel Jospin. Rompeu com o partido em 2008 para formar o Parti de Gauche (Partido da Esquerda), inspirado nos movimentos de esquerda na América Latina e na longa história de radicalismo da França. Ele se diz inspirado em líderes latino-americanos como Lula, Rafael Correa, Cristina Kirchner e Hugo Chávez.
Defende uma "revolução do cidadão", com a descentralização do poder e nacionalização da indústria em uma nova "Sexta República". Mélenchon é o único representante do Partido da Esquerda no Parlamento Europeu. Diz acreditar que a União Europeia foi arruinada pelo "liberalismo econômico". É conhecido por não gostar de jornalistas, preferindo expressar suas ideias, profusamente, em seu próprio blog.
Eva Joly
Nasceu em 5/12/43 na Noruega.
A candidata do Partido Verde (PV) foi manchete na França após supostamente receber um projétil de revólver e cartas ameaçadoras de ultra-nacionalistas. Foi para a França aos 20 anos como au pair, casou-se e seguiu carreira em Direito, tornando-se juíza. O PV fez um pacto com os socialistas para ganhar mais assentos no Parlamento em troca de apoio a François Hollande no segundo turno da eleição presidencial.
Também na Disputa
Nicolas Dupont-Aignan é, assim como Villepin, um ex-membro do UMP que formou seu próprio partido, Debout la République.
Nathalie Arthaud representa o partido trotskista Lutte Ouvrière (Luta Operária).
Philippe Poutou representa o Nouveau Parti Anticapitaliste (Novo Partido Anticapitalista).
Quase na Disputa
Dominique de Villepin, ex-primeiro-ministro no governo do presidente Jacques Chirac e arquirrival de Sarkozy, não conseguiu obter as 500 assinaturas de oficiais eleitos requeridas por lei para que pudesse concorrer.
Corinne Lepage, com uma plataforma ambientalista, também não obteve as assinaturas.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Panela velha é q faz comida boa
Semana passada visitamos 3 brocantes, aproveitando nossa passagem por Paris. Brocantes sao feiras de objetos usados vendidos por pessoas fisicas. Normalmente elas começam assim que o frio vai embora. Como ja estamos na primavera (mas o frio ainda nao se foi), elas ja começaram em varias cidades e sao realizadas todos os fins de semana! O futebol esta para o brasileiro assim como a brocante esta para o francês.
Acho que a explicaçao dessa paixao vem de anos...., eles adoram acumular coisas, é impressionante, sao muito apegados às coisas materiais. Minha cunhada tem uma casa enorme e em todos os cômodos têm coisas pra arrumar e guardar. Ela vive comprando, comprando, comprando, comprando... Segundo ela, esta é uma forma de economizar e ter objetos que ja nao estao mais à venda. O detalhe: pra conseguir fazer uma BOA compra, como dizemos aqui, tem que chegar às 6h30. E em menos de meia hora as sacolas ja estao abarrotadas!
Tudo é muito barato, porque você pode negociar como quiser. Minha cunhada diz: "Quanto custa?", "10 euros!". "7 euros paga?", e o cara diz, "OK, leva!". A gente acha roupa de crianças por 1€, sapato semi-novo a 3€, bicicleta usada a 10€, pratos, bolsas, cadeiras, etc. Vale tudo! Quanto maior a cidade, maior a feira. A gente tem a impressao de estar numa feira livre dessas de fruta, mas a feira nao tem fim e nao sei de onde brota tanta gente!
No Brasil essas brocantes daqui sao conhecidas como Mercado das Pulgas, mas confesso que nao creio que esse seja o termo certo porque aqui também tem o Vide Grenier e o Marché aux Puces, cuja traduçao exata é Mercado das Pulgas. E essas três feiras tem praticamente o mesmo objetivo: vender o que você nao precisa mais. O problema é que eles vendem o que nao precisam, mas compram também o que nao precisam, ou seja, nao adiantou nada!
Confesso que nao sou muito fa dessas coisas, acho que por falta de habito porque aqui eles vao desde criança e estao acostumados a gostar de coisas antigas. O que posso dizer é que vale muito a pena quando você quer comprar algo que é mais caro, como carrinho de bebê, bicicleta, roupas de marca, brinquedos caros. O sucesso das brocantes aumenta cada vez mais, ja que a crise bate à nossa porta. Toc, toc, toc. Sejam bem-vindos, objetos usados.
Acho que a explicaçao dessa paixao vem de anos...., eles adoram acumular coisas, é impressionante, sao muito apegados às coisas materiais. Minha cunhada tem uma casa enorme e em todos os cômodos têm coisas pra arrumar e guardar. Ela vive comprando, comprando, comprando, comprando... Segundo ela, esta é uma forma de economizar e ter objetos que ja nao estao mais à venda. O detalhe: pra conseguir fazer uma BOA compra, como dizemos aqui, tem que chegar às 6h30. E em menos de meia hora as sacolas ja estao abarrotadas!
Tudo é muito barato, porque você pode negociar como quiser. Minha cunhada diz: "Quanto custa?", "10 euros!". "7 euros paga?", e o cara diz, "OK, leva!". A gente acha roupa de crianças por 1€, sapato semi-novo a 3€, bicicleta usada a 10€, pratos, bolsas, cadeiras, etc. Vale tudo! Quanto maior a cidade, maior a feira. A gente tem a impressao de estar numa feira livre dessas de fruta, mas a feira nao tem fim e nao sei de onde brota tanta gente!
No Brasil essas brocantes daqui sao conhecidas como Mercado das Pulgas, mas confesso que nao creio que esse seja o termo certo porque aqui também tem o Vide Grenier e o Marché aux Puces, cuja traduçao exata é Mercado das Pulgas. E essas três feiras tem praticamente o mesmo objetivo: vender o que você nao precisa mais. O problema é que eles vendem o que nao precisam, mas compram também o que nao precisam, ou seja, nao adiantou nada!
Confesso que nao sou muito fa dessas coisas, acho que por falta de habito porque aqui eles vao desde criança e estao acostumados a gostar de coisas antigas. O que posso dizer é que vale muito a pena quando você quer comprar algo que é mais caro, como carrinho de bebê, bicicleta, roupas de marca, brinquedos caros. O sucesso das brocantes aumenta cada vez mais, ja que a crise bate à nossa porta. Toc, toc, toc. Sejam bem-vindos, objetos usados.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Um anjo no céu
Hoje cedo recebi um e-mail doloroso de mamae anunciando que o meu querido avô foi pros braços do Pai. Ha quase 1 mês estavamos sofrendo com ele, mas aos seus 94 anos Deus decidiu acabar com esta dor e leva-lo pra perto dEle.
Recebi inumeras palavras de conforto, dentre elas essa linda mensagem da minha amiga-irma Patricia. Compartilho com vocês porque ela soube descrever quem ele era em poucas linhas:
"Então por isso esta uma bela manhã... o céu se alegra com a presença dele. Que Deus conforte nossos corações, e que voces guardem para toda vida os ensinamentos daquele vovô maravilhoso. Nao posso me esquecer daqueles dias maravilhosos que passei la. Quanta vitalidade, quanta sabedoria, quanto amor naquela casa. Saudades eternas".
Recebi inumeras palavras de conforto, dentre elas essa linda mensagem da minha amiga-irma Patricia. Compartilho com vocês porque ela soube descrever quem ele era em poucas linhas:
"Então por isso esta uma bela manhã... o céu se alegra com a presença dele. Que Deus conforte nossos corações, e que voces guardem para toda vida os ensinamentos daquele vovô maravilhoso. Nao posso me esquecer daqueles dias maravilhosos que passei la. Quanta vitalidade, quanta sabedoria, quanto amor naquela casa. Saudades eternas".
domingo, 8 de abril de 2012
Uma nova historia!
Compartilho com vocês esse texto publicado na Folha em janeiro, na coluna da Danuza Leão. (Obrigada Ze Pedro pela dica!) So um parênteses, nunca se viu tantos brasileiros perdidos por essa Europa. Estamos em Paris passando a pascoa aqui e pra onde eu olho tem brasileiro. Dentro de loja, padaria, supermercado, museu, metrô, e até no banheiro do Mc Donalds! Viva o desenvolvimento econômico brasileiro! A historia do nosso pais, finalmente, mudou. Pena que em Brasilia nada muda e tudo piora.
Coisas de Paris
"Assisti a cena lamentável: grupo de nove chineses entrou no Flore, percorreu todo o café e nem se sentou. Paris anda meio estranha; deve ter sido a invasão dos chineses. Eles são muitos, multidões, e os que mais compram. Chegam em grandes excursões, e como passam só dois dias na cidade (que não conhecem), vão diretamente para a loja Cartier, na Galerie Lafayette; entram na fila organizada por seguranças, com cordinha e tudo, e compram tudo que encontram; as pulseiras de ouro com pregos estão esgotadas, e essa loja é, de todas as Cartier do mundo -que são muitas-, a que mais vende.
Outro dia assisti a uma cena lamentável: um grupo de nove chineses entrou no Flore, conduzido por um guia turístico, percorreu todo o café, atrapalhando o trânsito dos garçons e a vida dos que lá estavam. Ninguém se sentou em mesa nenhuma, a visita fazia apenas parte do tour. A direção do Flore também está meio estranha.
Um amigo decidiu ir a Londres ver a expo Leonardo da Vinci. Comprou uma passagem Paris/Londres/Paris; iria de manhã e voltaria à noite, pelo train bleu. Preço: 88 libras. Mas as entradas, que custariam 17 libras, estavam esgotadas, e para ver a exposição, teve que recorrer ao cambista, por um preço dez vezes maior: 170 libras.
A mostra tem mapas até da coleção da rainha Elizabeth, mas os organizadores não conseguiram levar a Mona Lisa. Da última vez que o famoso quadro saiu da França foi para Washington, levado pelas mãos de Jacqueline Kennedy (com a ajuda do seu amigo e então ministro da Cultura, André Malraux). O travesseiro mais caro do mundo custa 335 euros (cerca de R$ 800) e é, segundo a etiqueta, de plumas de ganso branco da Sibéria. O que não é dito é que as plumas são tiradas do gogó do ganso com ele ainda vivo, e viva a ecologia.
Ainda dá tempo de comer trufas brancas; no Café Armani, dois ovos, coroados por trufas brancas raladas na frente do cliente -maravilhosas-, custam 53 euros, e a explicação para o preço vem no menu: um grama custa 6 euros, e o prato leva oito gramas. Em compensação, as trufas negras da Maison de la Truffe parecem de papel.
Andei por lugares conhecidos por serem muito chiques e não vi nenhuma francesa usando as famosas grifes; só as árabes e as brasileiras (novas) ricas da av. Montaigne, pois quem já tem dinheiro há mais tempo acha vulgar usar roupas e acessórios de marcas famosas. Até usam, mas herdadas da mãe ou de uma avó, e já bem usadas; novas, jamais.
Na França, não existe o parcelamento, nem mesmo nos cartões, e o pagamento tem que ser "cash". Quem trabalha, mesmo ganhando bem, não tem dinheiro no fim do mês para comprar uma bolsa do Hermès, "cash", por 6.000 euros (se for de crocodilo, 20 mil).
Mas sei de uma brasileira que compra sempre duas bolsas iguais: uma fica em Paris, em seu maravilhoso apartamento, e a outra é levada para São Paulo. E a grande hotelaria francesa, pasme, está nas mãos dos estrangeiros. O Bristol pertence a uma cadeia alemã; o Plaza e o Meurice, administrados pela Dorchester Collection, ao sultão de Brunei; o George V é propriedade do saudita Al Walid; o Ritz, que está fechando para reformas (um perigo), ao milionário Al Fayed; o Lutetia, aos israelenses; o Crillon, em plena Place de la Concorde, foi vendido, com grande grita dos franceses, para um grupo saudita.
E os asiáticos estão chegando com força total: o Royal Monceau, o Mandarin e o Shangri-lá são o paraíso dos olhinhos puxados, e o Peninsula deve abrir no final de 2012. É a crise.
E mais brasileiros do que se imagina estão viajando para a Europa em seus próprios jatinhos. É a crise."
Coisas de Paris
"Assisti a cena lamentável: grupo de nove chineses entrou no Flore, percorreu todo o café e nem se sentou. Paris anda meio estranha; deve ter sido a invasão dos chineses. Eles são muitos, multidões, e os que mais compram. Chegam em grandes excursões, e como passam só dois dias na cidade (que não conhecem), vão diretamente para a loja Cartier, na Galerie Lafayette; entram na fila organizada por seguranças, com cordinha e tudo, e compram tudo que encontram; as pulseiras de ouro com pregos estão esgotadas, e essa loja é, de todas as Cartier do mundo -que são muitas-, a que mais vende.
Outro dia assisti a uma cena lamentável: um grupo de nove chineses entrou no Flore, conduzido por um guia turístico, percorreu todo o café, atrapalhando o trânsito dos garçons e a vida dos que lá estavam. Ninguém se sentou em mesa nenhuma, a visita fazia apenas parte do tour. A direção do Flore também está meio estranha.
Um amigo decidiu ir a Londres ver a expo Leonardo da Vinci. Comprou uma passagem Paris/Londres/Paris; iria de manhã e voltaria à noite, pelo train bleu. Preço: 88 libras. Mas as entradas, que custariam 17 libras, estavam esgotadas, e para ver a exposição, teve que recorrer ao cambista, por um preço dez vezes maior: 170 libras.
A mostra tem mapas até da coleção da rainha Elizabeth, mas os organizadores não conseguiram levar a Mona Lisa. Da última vez que o famoso quadro saiu da França foi para Washington, levado pelas mãos de Jacqueline Kennedy (com a ajuda do seu amigo e então ministro da Cultura, André Malraux). O travesseiro mais caro do mundo custa 335 euros (cerca de R$ 800) e é, segundo a etiqueta, de plumas de ganso branco da Sibéria. O que não é dito é que as plumas são tiradas do gogó do ganso com ele ainda vivo, e viva a ecologia.
Ainda dá tempo de comer trufas brancas; no Café Armani, dois ovos, coroados por trufas brancas raladas na frente do cliente -maravilhosas-, custam 53 euros, e a explicação para o preço vem no menu: um grama custa 6 euros, e o prato leva oito gramas. Em compensação, as trufas negras da Maison de la Truffe parecem de papel.
Andei por lugares conhecidos por serem muito chiques e não vi nenhuma francesa usando as famosas grifes; só as árabes e as brasileiras (novas) ricas da av. Montaigne, pois quem já tem dinheiro há mais tempo acha vulgar usar roupas e acessórios de marcas famosas. Até usam, mas herdadas da mãe ou de uma avó, e já bem usadas; novas, jamais.
Na França, não existe o parcelamento, nem mesmo nos cartões, e o pagamento tem que ser "cash". Quem trabalha, mesmo ganhando bem, não tem dinheiro no fim do mês para comprar uma bolsa do Hermès, "cash", por 6.000 euros (se for de crocodilo, 20 mil).
Mas sei de uma brasileira que compra sempre duas bolsas iguais: uma fica em Paris, em seu maravilhoso apartamento, e a outra é levada para São Paulo. E a grande hotelaria francesa, pasme, está nas mãos dos estrangeiros. O Bristol pertence a uma cadeia alemã; o Plaza e o Meurice, administrados pela Dorchester Collection, ao sultão de Brunei; o George V é propriedade do saudita Al Walid; o Ritz, que está fechando para reformas (um perigo), ao milionário Al Fayed; o Lutetia, aos israelenses; o Crillon, em plena Place de la Concorde, foi vendido, com grande grita dos franceses, para um grupo saudita.
E os asiáticos estão chegando com força total: o Royal Monceau, o Mandarin e o Shangri-lá são o paraíso dos olhinhos puxados, e o Peninsula deve abrir no final de 2012. É a crise.
E mais brasileiros do que se imagina estão viajando para a Europa em seus próprios jatinhos. É a crise."
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